segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Berlim: última parada na Europa!


Depois de mais de um mês sem aparecer, aqui estou eu para contar sobre a última parada pela Europa (neste ano, claro!!) na belíssima Berlim. Pra começar preciso dizer que quero voltar lá... fato! A cidade é uma fonte inesgotável de história viva em um dos capítulos mais tristes que o homem já participou MAS nada disso diminui o interesse de quem vai a Berlim e começa a ver as coisas, andar pela cidade encontrando os pedaços remanescentes do muro e etc.

Minha jornada começou no Portão de Brandenburgo, um portão enorme construído no século 18 como símbolo da paz e que durante a Guerra Fria por estar perto da fronteira que dividia a cidade se tornou o símbolo de uma

Alemanha dividida. Anos mais tarde, virou símbolo da unificação não apenas de Berlim mas do país como um todo e foi o lugar onde a população foi comemorar a queda do muro, em 1989. Nesse portão atualmente reúne-se centenas de pessoas todas as manhãs para as famosas "walking tours" oferecidas por voluntários que trabalham para difundir a história de todos os zilhões de monumentos espalhados pela cidade. Dura em torno de 5 horas, custa apenas 10 euros, e no final uma gorgeta para o guia, que te leva nos lugares de acordo com o "pacote" que você comprar. Eles têm tours do tipo: 3rd Reich Berlin tour, Cold War tour, Concentrantion camp tour... e por aí vai! E claro, como a cidade tem muita coisa para ver, cada uma dessas programações te leva em lugares diferentes. Eu escolhi a do terceiro Reich pois queria ver de perto o que restou do Bunker de Hitler e etc...

Mais uma do Portão. LINDÍSSIMO!!
Começamos então andando até o Parlamento, onde na porta existem pedaços de pedras cortados de forma irregular, com o nome, data e partido dos políticos que foram assassinados pelo partido Nazista por discordar de suas idéias. A idéia é fazer uma homenagem aos que tentaram de uma forma política acabar com a crueldade que estava nascendo no partido e que apesar de em vão, sempre será lembrada. Em seguida, fomos em um parque em frente ao parlamento, nesse parque um singelo monumento em homenagem aos homossexuais, os segundos mais perseguidos depois dos judeus e que nos campos de concentração, eram identificados com um estrela rosa no peito. O monumento é moderno, uma caixa de concreto com um janelinha... óbvio que a curiosidade aumenta e quando chegamos perto da janela vemos um vídeo que se repete milhões de vezes durante o dia de dois homens acariciando o rosto um do outro e depois de beijando. Achei a idéia muito original e 100% merecida!
Em seguida fomos ao monumento erguido pelos soviéticos em homenagem aos homens do exército vermelho que morreram quando os Russos invadiram a cidade ao fim da 2° Guerra Mundial. Na ponta esquerda e direita do monumento tem dois tanques de Guerra que são descritos como os originais que invadiram Berlim no final da Guerra....


O Parlamento ao fundo e as pedras
que representam políticos que foram
vítimas do partido nazista
As pedras contém o nome, data de morte e
partido de cada político morto
Movimento erguido pelos soviéticos em homenagem
aos soldados do exército vermelho que morrerão na
invasão
Monumento em Homenagem aos homosexuais

Em seguida fomos na rua que era conhecida como a rua com a maior quantidade de judeus em Berlim... dois monumentos marcam a rua: um que mostra familias afetas pelo holocausto, pessoas subnutridas, magras e com semblantes tristes. O outro com uma história linda para homenagear a Revolta de Rossenstrasse. Em 1943, restavam ainda poucos judeus na cidade e Hitler queria matar todos. Porém, esses poucos judeus eram "especiais". Eles eram casados com Alemãs legítimas, as mesmas que o partido nazista venerava por ser capaz de gerar a raça ariana pura. Porém, em um certo momento o partido simplesmente decide capturar esses homens e as crianças para mandá-los para os campos. As mulheres, revoltadas com a decisão do partido, se colocam em frente ao prédio onde seus homens estão retidos com as crianças e ali ficam por dias protestando sobre a decisão. O partido por sua vez não podia controlá-las, eram alemãs arianas e qualquer ato de violência contra elas iria repercutir de forma negativa para os nazistas. A situação chegou a tal ponto que a SS foi chamada e recebeu ordem para atirar nas mulheres... para elas então não fazia mais diferença morrer ali ou mais tarde e elas se mantiveram na porta do prédio protestando contra os assassinatos recorrentes e lutando pela vida dos seus maridos. A SS recuou e dias depois os maridos e crianças são soltos. O monumentos é composto de todas essas etapas da revolta esculpidas em pedra rosa. Simples porém muito significativo!

Em seguida fomos na Sinagoga mais importante da cidade que foi bombardeada mas posteriormente reconstruída e depois finalmente para o que sobrou do muro de Berlim. Fomos em um das sessões que ainda se mantém me pé e no lugar onde também era localizada a Gestapo - a polícia secreta do partido Nazista - mas que hoje na verdade não resta nada além do buraco onde era, pois tudo foi destruído. O que resta do muro conta a história de como funcionava a Gestapo, com fotos de Hitler na época com os oficiais. Ali perto fomos no ponto que era conhecido como a fronteira para as duas partes de Berlim: O checkpoint Charlie. Um lugar onde muitas pessoas morreram por tentar fugir da Alemanha oriental para a Ocidental mas que também teve registros de 5075 fugas de deram certo e algumas centenas mortes e o único ponto onde estrangeiros poderiam cruzar de um lado para o outro.
Tem um museu muito interessante com fotos das escapadas, mortes e outras coisas para ler e entender mais a importância do lugar.


Check point Charlie: a fronteira entre Alemanha Oriental e
Ocidental

Fotos do Museu
Um monumento nos arredores que faz uma
alusão a Alemanha Comunista
Cruzando algumas ruas depois chegamos no memorial mais importante da cidade: o Memorial do Holocausto. Construído no meio de prédios, ele basicamente se trata de centenas caixas pretas no formato de sepulturas que representam as milhões de vidas que o foram tiradas pelos nazistas. Não tem como negar: é chocante! É como se fosse um enorme cemitério, ali entre casas e prédios... e o motivo é não exatamente chocar mas sim deixar bem claro e vivo o que aconteceu, o que provocou e quantas vidas foram exterminadas. Ali pertinho ficava o bunker onde Hitler se escondeu e que não resta nada além do lugar propriamente dito onde era localizado.O bunker foi destruído e o buraco fechado. A explicação era que não existia motivo para se manter aquele lugar como uma lembrança para o país, além do medo de no futuro, simpatizantes de Hitler começarem a usar o local para fazerem qualquer tipo de culto, veneração ou adoração.


Em meios a uma área residencial, o Museu do Holocausto choca.
E a intenção é nunca nos fazer esquecer as atrocidades que
foram causadas pelos nazistas.


A walking tour acabou aí.... mas não minha jornada por Belim! No dia seguinte fui passear pela cidade, ver a maravilhosa arquitetura e museus. Fui na Catedral, linda demais, a Igreja Zions (bombardeada na guerra e que hoje virou um memorial), Galeria Nacional, Museu de Artes Modernas, Praça  Gendarmenmarktuma exposição linda de morrer da vida da Romy Schneider e sentar num lugar legal para jantar.... Berlim de noite é linda! Muitas cores e luzes!!


A belíssima Catedral de Berlim

Para quem tiver tempo, vale visitar internamente
Museu Altes
As ruas...
Praça Gendarmenmarkt, uma das mais lindas e conhecidas
da cidade. O prédio maior é o Concert Hall e a cúpula é a Catedral
Alemã 
Igreja Zions, com a cúpula bombardeada
Detalhe da Sinagoga Judia na cidade
Monumento em homenagem aos judeus

Dia seguinte, último dia, resolvi fazer um programa que não acho que possa ser chamado de "tour" mas que vale a pena ir uma vez nessa vida: o campo de concentração chamado Sachsenhausen é aberto a visitações todos os dia e apesar de não ser propriamente um campo de extermínio como Auschwitz, pois era nomeado como campo de trabalho forçado, foi um local onde muitas pessoas morreram por conta de uma rotina de trabalho pesada diária, alimentação precária e maus tratos. Chegar na porta já dá arrepios, o portão de ferro escrito: ARBEIT MACHT FREI, que na tradução significa " O trabalho liberta" é igual em todos os campos de concentração. Dentro igual o que vemos nos filmes, um grande campo verde, sem nada além de postes com grandes alto falantes para anunciar os horários e novas tarefas. O campo original foi destruído quando os russos o encontraram, mas réplicas das acomodações foram feitas para mostrar como eram os quartos, banheiros, cozinhas, "hospital" e a prisão para os judeus mais intelectualizados que os alemães queriam manter vivos por mais tempo.
Não é uma visita agradável, não é legal e é impossível conter as lágrimas até certo ponto da visita mas o motivo pelo qual esses campos estão abertos é para manter viva na cabeça das pessoas as maldades que o ser humano é capaz e sendo assim mantê-las longe, bem distante em um passado que não volta mais.



Entrada do campo


Em todo campo de concentração, sempre que tiver
pedras sob pedras é a certeza que ali foram enterrado
judeus na época do Holocausto.


Berlim vale a pena muito mais de uma visita, vale várias!! Uma cidade que vivenciou uma guerra, foi dividida por um muro que separava estruturas distintas - capitalismo e comunismo - se reunificou, se reconstruiu e faz parte para sempre de diversos marcos na história do mundo é simplesmente imperdível!

Onde ficar: Circus Hostel
EXCELENTE!!!! Recepção de hotel, bar divertido, café da manhã perfeito (mas pago a parte) e ótimo para conhecer pessoas. A entrada dele é na cara do metrô, os quartos para oito pessoas é grande, cama limpa e super organizado. O banheiro apesar de coletivo é separado para mulheres e homens, vale muito a pena!!

2 comentários:

  1. Moh vontadona de visitar! Adorei as descrições, manuzinha, pra variar!

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  2. Oi filha, já estava com saudade das suas histórias. Que beleza que vc aproveitou os fds para aprender, ensinar e vivenciar tantas coisas diferentes.
    Nossa! Deve realmente ter sido uma visita inesquecível, cheia de coisas interessantes, bonitas e ao mesmo tempo, triste! Tenho certeza que vc chorou muitoooooooo em determinados locais.
    É como vc colocou, Berlim é realmente uma fonte inesgotável de histórias. Parabéns mais uma vez pelas maravilhosas histórias e informações colocadas aqui.
    Bjs e te amo!!
    Mamy

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